Áreas de reflorestamento são vistas como investimento vantajoso
O setor florestal brasileiro é bastante dinâmico. Existem grandes reservas de florestas nativas e uma área de aproximadamente 7 milhões de ha (hectares) com florestas plantadas de alta produtividade. Estas florestas garantem o suprimento sustentado de gran-des volumes de madeira que podem satisfazer a demanda do mercado nacional e assegurar uma forte participação no comércio internacional.
Nas últimas décadas, devido a uma série de fatores in-cluindo o aumento dos custos de transação resultante de uma legislação ineficiente e burocrática, as florestas nativas foram perdendo importância no suprimento de madeira para a indús-tria. Atualmente cerca de 80% da madeira industrial é oriunda de plantações florestais. A maioria dos plantios (90% ou mais) é baseada em espécies de Pinus spp. e Eucalyptus spp..
No entanto, nos últimos anos, vem crescendo a importân-cia de novas espécies como a teca, o paricá e outras.
O interesse pela teca tem crescido. Ela se adaptou bem nas regiões tropicais brasileiras e hoje existem cerca de 100 mil ha de plantios com alta produtividade em vários locais. A madeira de teca é de qualidade superior e possui um mercado estabelecido e cativo, particularmente na Ásia. O Brasil hoje exporta madeira de teca principalmente para a Índia, maior importador mundial. Os preços têm aumentado e o negócio é atrativo.
Apesar do mercado internacional ser no momento atrativo, os produtores de madeira de teca tem buscado opções no mercado nacional. O Brasil tem quase 200 milhões de habi-tantes e frente à crescente demanda de produtos e serviços, resultante do crescimento econômico dos últimos anos, a indústria florestal tem aumentado o interesse no mercado nacional para produtos florestais.
Desenvolver o mercado nacional de madeira de teca não é fácil. A madeira ainda é praticamente desconhecida no mercado nacional e a demanda atual é pequena. No entanto o mercado potencial, especialmente na substituição de espécies nativas tropicais tradicionais é grande. As ações de introdução da espécie no mercado nacional têm sido pontuais e aleató-rias, conduzidas por empresas que normalmente atuam em certos nichos.
O importante é que o processo de introdução considere a madeira de teca como uma especialidade e não como uma commodity. Ela deve ser vista como madeira para produtos de maior valor agregado (móveis, molduras, portas, painéis decorativos, pisos e outros) e não como madeira para energia e escoras. É fundamental ser introduzida como um produto diferenciado, de maior custo de produção e deve buscar apli-cações que possam melhor remunerar a madeira.
Teca e os Produtos de Maior Valor Agregado
O processo de introdução deve ser baseado em uma estratégia que defina ações estruturadas e evite ações ale-atórias sem direcionamento. A definição de uma estratégia para o desenvolvimento de um mercado nacional consistente para madeira de teca deve ser feita de forma coordenada, envolvendo o conjunto dos principais investidores no plantio e processamento de madeira.
É fundamental considerar que a madeira de Teca é uma es-pecialidade. Criar uma fonte de consumo para ela de pequenos diâmetros e resíduos dos plantios, buscando alternativas no segmento consumidor de biomassa para energia, por exem-plo, pode ser uma prioridade de momento para as plantações jovens. Isto, no entanto, não cria um mercado consistente para uma madeira de alta qualidade e valor diferenciado no mercado.
"O importante é que o processo de introdução considere a madeira de
teca como uma especialidade e não
como uma commodity"
Ivan Tomaselli
Diretor presidente da Stcp
Engenharia de Projetos Ltda
Fonte: www.revistareferencia.com.br